dança não dança
dança não dança — arqueologias da nova dança em Portugal é o nome dado a um programa alargado que consistiu num ciclo de (re)performances, filmes e conversas (Outubro 2023-Fevereiro 2024), uma exposição (Novembro 2024-Janeiro 2025) um livro-catálogo (lançando em Novembro de 2024). dança não dança é a sétima edição do projecto Para uma timeline a haver — genealogias da dança enquanto prática artística em Portugal, iniciado em 2016 por João dos Santos Martins e Ana Bigotte Vieira, aos quais se tem juntado, em algumas edições, Carlos Manuel Oliveira. Tendo em 2019 e 2020 consistido sobretudo numa posição de bastidores, contribuindo para a pesquisa, a minha colaboração na sétima edição passou por integrar a equipa curatorial/editorial e pela coordenação editorial da publicação.
Vários interrogações orientaram este programa e, nos seus três eixos — ciclo, exposição e livro —, foram sendo ensaiadas respostas sempre parciais e modos de continuar a perguntar. Porque não são questões que respondam e resolvam. São questões generativas, que se habitam, visitam e rearticulam. O que pode ou não dança? O que vai sendo ou não considerado dança?… E por quem? O que é que acontece à dança quando acontece na galeria de arte, no museu? Quando é exposta nestes contextos? O que é que se faz presente quando juntamos registos ou documentos? É dança que acontece? É dança o que acontece? Que dança é que acontece? É (ainda) dança, é outra dança ou não é dança? Este projecto reúne histórias sem querer impor uma. Não é a história de uma companhia ou de uma figura-protagonista ou da dança em geral em Portugal. A âncora é a Nova Dança Portuguesa e, daí, fazemos o exercício de traçar possíveis arqueologias. As manifestações de dança que nos ocuparam nesta investigação conversam não só com o "nervosismo da história", ampliando ou recortando a sua vibração, como também expandem e transbordam os limites que lhe vão sendo impostos ou atribuídos. A dança dita mais experimental, às vezes mais conceptual. A dança que se questiona. A dança que faz com que mais coisas sejam consideradas dança. A dança que é apelidada de não dança porque não privilegia o macro-movimento. A dança que existe em muitos e vários lugares e que é ela mesmo lugar para muitos e mais corpos, humanos e mais-do-que-humanos, dentro ou fora daquilo que se vai convencionando como normas. O exposição projecto oferece diferentes perspectivas, enquadramentos possíveis, mas transbordantes, não pretendendo limitar leituras, mas antes abrir possibilidades de relação entre diferentes trabalhos coreográficos e temporalidades.






As fotografias são da autoria de Nikolas Nekh. São imagens da exposição dança não dança — arqueologias da nova dança em Portugal, que teve patente entre o dia 15 de Novembro e 13 de Janeiro, na Fundação Calouste Gulbenkian.
https://gulbenkian.pt/danca-nao-danca/
O livro-catálogo, homónimo, é uma co-edição da Fundação Calouste Gulbenkian e Imprensa Nacional Casa da Moeda. Nos seguintes links é possível consultar a ficha técnica ou adquirir um exemplar.