Margarida de Abreu - Uma Aproximação
Margarida de Abreu (1915-2006) é uma figura incontornável na(s) história(s) da dança em Portugal, destacando-se a sua enorme influência no campo do ensino e pedagogia. Com a sua trajectória cruzam-se muitas outras trajectórias de profissionais de relevo nos vários campos e intersecções da dança no contexto nacional. Em 1944, quatro anos após a criação do grupo Verde Gaio, companhia estatal e única no país, - que virá a dirigir, com Fernando Lima, nos anos 1960s/70s -, Margarida de Abreu funda o Círculo de Iniciação Coreográfica (CIC), plataforma de ensaio das premissas do seu Manifesto (1946). Estes são breves apontamentos de um percurso maior, cujos rastos se encontram no arquivo pessoal de Margarida de Abreu. Este projecto, cuja fase inicial se chamou Margarida de Abreu - Uma Aproximação - título que se mantém agora, enquanto não chegar um outro que mais se adequa a esta proposta de arquivo habitado - tem procedido à inventariação, digitalização e estudo do espólio de Margarida de Abreu, assumindo um compromisso extensivo de desdobramento, em série de conferências-performance e em publicação fascicular.
Outros projetos, autónomos, mas concomitantes, estão a ser esboçados. Um deles, o primeiro de um movimento de colocar arquivos (e corpos-arquivo) em conversa, chama-se, precisamente, Círculo de Iniciação Coreográfica e Verde Gaio: arquivos em conversa e consiste no desenho e execução de um conjunto de entrevistas a pessoas ligadas à dança que ainda podem testemunhar vivências diretas do CIC e dos Bailados Portugueses Verde Gaio. Outro, intitulado Margarida de Abreu, do arquivo à oficina: um projecto de experimentação pedagógica consiste na concepção e realização de oficinas-piloto, em modo itinerante, com públicos escolares (sobretudo em áreas ligadas à dança ou conservação/património artístico). Esta é uma colaboração com Cecília Magalhães, com quem será criado um kit pedagógico (diagramas, cronologias, vídeos, textos) de apoio aos workshops. A Cecília Magalhães foi, também, responsável pela imagem gráfica nesta fase inicial, incluindo os vídeos mostrados nas duas apresentações públicas - uma no seminário Musas em Ação, no Porto, e outra no Museu Nacional do Teatro e da Dança, em Lisboa -, e dos respectivos cartazes e postais distribuídos como forma de divulgação do projecto (com reproduções de materiais do arquivo).