Série Metálogos

Na série Metálogos, iniciada em 2015, Fernanda Eugenio e Ana Dinger colecionam conversas-performance situadas, experimentando com o público diferentes gradações da participação. O metálogo comporta o risco do encontro e os seus percursos, meios e tons emergem no próprio fazer. Como qualquer conversa, é irrepetível - mesmo a repetição implica diferença - e ingovernável - qualquer direcção é susceptível a brechas. Diferente da habitual conversa entre-2 – o diálogo - ou da entre-a-multiplicidade-de-1 – o monólogo -, o metálogo não procura o consenso, não assenta em predisposições e não se pauta pela afirmação autoral. Como propôs Gregory Bateson, que cunhou o termo, o metálogo instala-se, propositadamente, numa questão problemática. O esforço é o de presentação ou, eventualmente, de re-presentação, mas não de representação. Assume-se o compromisso de tentar que o processo da conversa materialize aquilo que está a ser conversado. O problema acontece, isto é, ganha corpo, através do receber e retribuir de cada tomada de posição recíproca. A paisagem do problema é percorrida até que uma questão inaugural se reformule, por desdobramento. O metálogo habita diferentes territórios, muitas vezes respondendo a convites ou chamadas de situações e pessoas que se tornam anfitriãs. A cada vez, repete-se o procedimento e difere a instanciação, resultando em manifestações tão distintas como uma batalha de slides imersa em caos, um quase-artigo escrito ao vivo, uma palestra sem fala, um jogo de baralho, um mecanismo-convite à realização de tarefas numa praça, uma conversa transtemporal com fantasmas e outras presenças-ausências ou uma relação epistolar  entre passado e futuro.

Enquadrada na actividade do AND Lab e trabalhando com as ferramentas do Modo Operativo AND, a série compreende sete metálogos. No ano em que se comemorou o décimo aniversário do AND Lab, toda a série até então foi reactivada/ reanimada/rearticulada como gesto de re-membração/cicatrização. Este gesto configurou-se como sétimo metálogo - metálogo entre metálogos, conversa entre conversas - METÁLOGO #7 – CICATRIZ, situação à qual correspondem as imagens acima, tendo tido lugar a 30 e 31 de Outubro de 2021, na Penhasco, em Lisboa. Os outros metálogos acontecem em diversas geografias e contextos, muitas vezes como resposta a um convite de uma situação anfitriã, da qual se retira o problema a habitar:

METÁLOGO #1 – OS MODOS DA SITUAÇÃO

28 de Setembro de 2015; Green Park, Atenas, Grécia, por ocasião do evento Institutions, Politics, Performance 

METÁLOGO #2 – ETNÓGRAFA ARTISTA E ARTISTA ETNÓGRAFA

3 de Novembro de 2015; Lisboa, Portugal; por ocasião da conferência Mind the Gap: The Artist in Culture Studies 

METÁLOGO #3 – OS MODOS DA SUPERFÍCIE

7 de Abril de 2016; Porto, Portugal; por ocasião do seminário À Procura da Superfície - o corpo no século XXI- Esgotamento e reabilitação

METÁLOGO #4 – HISTÓRIAS E GEOGRAFIAS DA PERFORMANCE

22 de Julho de 2016; Lisboa, Centro Cultural de Belém; por ocasião do simpósio Performance Arte Portuguesa: 2 ciclos para 1 arquivo 

METÁLOGO #5 – OS MODOS DO PÚBLICO

19 de Novembro de 2017; Praça do Japão, Curitiba, Brasil; por ocasião do Festival Amostra Urbana 

METÁLOGO #6 – ENTRE O PASSADO E O FUTURO

12 de Dezembro de 2019; versão 1 no Espaço Mira, Porto, Portugal; versão 2 na RuadasGaivotas6, Lisboa, Portugal; versão 3 é  uma versão-postal/circulante

https://www.and-lab.org/programas-artefatos/series-proposicoes-performativas

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